A dose de hoje ainda não fez efeito
As cores se foram por enquanto
E da alma dos outros só vejo
O fel
Filtro o ar com intensidade e menos amor
Espero a benção da química
A loucura dói e fascina
Venero a lucidez
Desse momento realístico
Agora eu não cubro a vista rente ao sol
Olho-o profundo
E abraço os cortes na íris
Não há calma
E nem agitação
Mas a anestesia da contemplação quase doentia
Ouço os lamentos antigos de um poeta morto
Porém ativo entre os cegos, surdos e mudos
Procuro o sentido desse meu dom fúnebre